A 5ª Fase da Operação Sermão aos Peixes da Polícia Federal que investiga esquemas de corrupção, desvio de verbas e fraudes na saúde, cumpriu só ontem 13 prisões
Desvio de dinheiro e irregularidades na contratação e pagamento de
servidores públicos estão novamente na mira da Polícia Federal. A “Operação Sermão aos Peixes” chegou ontem, 16, à sua quinta fase, intitulada de “Pegadores”.
Essa nova etapa resultou na prisão temporária de 14 pessoas e no
cumprimento de 26 mandados de busca e apreensão em São Luís, Imperatriz,
Amarante e Teresina (PI), além do bloqueio judicial e sequestro de bens
no total de R$ 18 milhões. Cinco veículos, entre eles uma Hilux e um
Corolla, também foram apreendidos. Todas as ordens judiciais foram
expedidas pela 1ª Vara Criminal Federal da Seção Judiciária do Maranhão.
Dentre
as pessoas que foram presas, está a ex-subsecretária de Saúde do Estado
e atual suplente a deputada federal, Rosângela Aparecida da Silva
Barros, conhecida como Rosângela Curado (PDT). De acordo com a PF, entre
janeiro e setembro de 2015, período em que Rosângela Curado ocupou o
cargo de subsecretária de Saúde, ela teria sido a responsável pelo
desvio de uma parte da verba pública.
As investigações da
“Operação Sermão aos Peixes” apontaram que, em 2015, foi montado um
esquema de desvio de verbas e fraudes na contratação e pagamento de
pessoal, envolvendo servidores públicos que exerciam funções de comando
na Secretaria de Estado da Saúde naquele ano.
Em coletiva de
imprensa realizada na manhã de ontem, a Polícia Federal confirmou que
mais de 400 pessoas recebiam dinheiro extra mensalmente. Estas pessoas
tinham sido incluídas indevidamente nas folhas de pagamentos dos
hospitais estaduais, sem que prestassem qualquer tipo de serviços às
unidades hospitalares. Os beneficiários do esquema seriam familiares e
pessoas próximas a gestores públicos e de diretores das organizações
sociais.
A estimativa inicial da PF é que o montante dos recursos
públicos federais desviados por meio de tais fraudes supere a quantia de
R$ 18 milhões. Contudo, o dano aos cofres públicos pode ser ainda
maior, pois os desvios continuaram a ser praticados mesmo após a
deflagração de diversas outras fases da Operação Sermão aos Peixes.
Mais fraude
Mais fraude
A
Polícia Federal revelou, ainda, fraude envolvendo uma sorveteria. De
acordo com as investigações, uma empresa registrada como sorveteria foi
transformada, “da noite para o dia”, em uma empresa especializada na
gestão de serviços médicos. Segundo a PF, essa empresa foi utilizada
para a emissão de notas fiscais frias, que teriam permitido o desvio de
mais de R$ 1 milhão.
Outro caso que chamou muito a atenção da PF
envolve uma enfermeira de Imperatriz, identificada como Keilane Silva.
As investigações apontam que, enquanto os enfermeiros recebiam cerca de
R$ 3 mil, o salário dela chegava aos R$ 13 mil. O contracheque da
enfermeira e as divergências nos demais salários dos colegas fez com que
a Polícia Federal iniciasse a operação.
Os investigados
responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de peculato,
corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização
criminosa, dentre outros. Após os procedimentos legais, os investigados
foram encaminhados ao Sistema Penitenciário de Pedrinhas, onde
permanecerão à disposição da Justiça Federal.
Pessoas que tiveram prisão temporária decretada após a 5ª fase da Operação Sermão aos Peixes, intitulada “Pegadores”
Antônio José Matos Nogueira
Chisleane Gomes Marques
Mariano de Castro Silva
Luiz Marques Barbosa Júnior
Rosângela Aparecida da Silva Barros (Rosângela Curado)
Antonio Augusto Silva Aragão
Benedito Silva Carvalho
Flávia Geórgia Borges Gomes
Ideide Lopes de Azevedo Silva
Marcus Eduardo Alves Batista
Miguel Marconi Duailibe Gomes
Osias de Oliveira Santos Filho
Paulo Guilherme Silva Curado
Péricles Silva Filho
Waldeney Francisco Saraiva
Warlei Alves do Nascimento
Karina Mônica Braga Aguiar
Chisleane Gomes Marques
Mariano de Castro Silva
Luiz Marques Barbosa Júnior
Rosângela Aparecida da Silva Barros (Rosângela Curado)
Antonio Augusto Silva Aragão
Benedito Silva Carvalho
Flávia Geórgia Borges Gomes
Ideide Lopes de Azevedo Silva
Marcus Eduardo Alves Batista
Miguel Marconi Duailibe Gomes
Osias de Oliveira Santos Filho
Paulo Guilherme Silva Curado
Péricles Silva Filho
Waldeney Francisco Saraiva
Warlei Alves do Nascimento
Karina Mônica Braga Aguiar
Relembrando
A
primeira fase da “Operação Sermão aos Peixes” foi deflagrada em 16 de
novembro de 2015, quando foram cumpridos mais de 60 mandados judiciais e
presos os gestores de duas principais entidades responsáveis pela
terceirização do sistema de saúde à época. As segunda e terceira fases
foram deflagradas simultaneamente, em 6 de outubro de 2016, e resultaram
na “Operação Abscondito”, que apurou o embaraço à investigação criminal
decorrente do vazamento da “Operação Sermão aos Peixes”, e na “Operação
Voadores”, que apurou o desvio de R$ 36 milhões, que haviam sido
sacados diretamente das contas dos hospitais por meio de cheques de
pequeno valor. A quarta fase, batizada de “Operação Rêmora”, foi
deflagrada no dia 2 de junho de 2017, quando foram presos em flagrante
os gestores de outra organização social, que estavam desviando recursos
públicos mediante saques de grandes quantias em espécie na boca do
caixa.
Governo desmente acusações em nota
Após
a deflagração da quinta etapa da “Operação Sermão aos Peixes”, o
governo do estado divulgou nota sobre o assunto, uma vez que as
investigações apontam um esquema de desvio de verbas e fraudes na
contratação e pagamento de pessoal na Secretaria de Estado da Saúde
(SES). Na nota, o governo do estado se defende e garante que “os fatos
têm origem no modelo anterior de prestação de serviços de saúde, todo
baseado na contratação de entidades privadas, com natureza jurídica de
Organizações Sociais, vigente desde governos passados”.
O governo
do estado ainda explica que tem adotado “medidas corretivas” em relação
ao modelo adotado anteriormente e desconhece “a existência de pessoas
contratadas por Organizações Sociais que não trabalhavam em hospitais”.
A
nota oficial do governo ainda desmente a contratação de uma empresa
médica que teria sido sorveteria e esclarece que “apenas um servidor,
citado no processo, está atualmente no quadro da Secretaria e será
exonerado imediatamente. Todos os demais já haviam sido exonerados”.
O secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, também se manifestou
por meio de sua conta no Twitter. O atual gestor da pasta disse ter
acompanhado a operação da Polícia Federal na SES e garantiu total
transparência.
“Reitero que a atual gestão da Secretaria de Estado
da Saúde está totalmente à disposição para ajudar no total
esclarecimento dos fatos”, escreveu o secretário.

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